Já vi alguns espetáculos da companhia Armazém, e sempre gostei de sua assinatura cênica, grandiosa com os cenários que se desdobram, os espelhos, os artifícios de luz. Nesta recente peça, Antes da coisa toda começar, não é diferente: ontem saí realizada quanto a esses aspectos, e ainda tive a ótima surpresa dos momentos musicais - todos excelentes, e alguns bem divertidos - que permeiam a história. O grande problema foi o texto: pobre, cheio de lugares-comuns, com aqueles velhos paroxismos patéticos que me deixavam nauseada. Claro que isso interfere na atuação, por tabela - e, assim, só pude apreciar realmente o trabalho de Ricardo Martins (como Rufus, principalmente; como o Espectro, ele está engessadíssimo por gestos previsíveis) e Karla Tenório. Os dois se mostraram bastante versáteis e com excelente domínio de cena. Patrícia Selonk, ao contrário, irrita com sua voz idêntica que se desgasta sempre no mesmo papel (parece que não importa a peça; ela sempre fará a desesperada), e Tales Coutinho poderia ter sido mais bem aproveitado, também. Rosana Stavis encanta por sua voz incrível - mas a atuação como suicida é semelhante à de Patrícia: não convence.
Claro que apesar de tudo isso o saldo é positivo. Mas fica o ranço: cadê as peças perfeitas, que nos deixam plenamente realizados? Não é demais exigir isso dos artistas; aliás, contentar-se com menos seria desprezá-los.
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