LIVROS E BICHOS
terça-feira, 19 de março de 2013
O Trem
Beatriz Aguera, Edgar Cardoso, Érica Ribeiro, Gizelle Faria, Lucas Sancho, Rodrigo Morais e Thaize Pinheiro.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Estreia "O Trem das Onze" em São Paulo
Memória, mistério e silêncio e a espera por um trem que nunca vem. Ou já passou?
Inspirado na obra "Linha Férrea" da escritora Tércia Montenegro, premiada pela revista CULT, a peça retrata as tragédias que aconteceram numa velha ferrovia. Os personagens encontram-se em situações-limite.
O espetáculo busca estudar o comportamento do ser humano perante uma situação limite, fazendo com que este indivíduo revele seus instintos mais primitivos, evidenciando um lado que, quase sempre, é desconhecido pela sociedade, esta mesma que o faz carregar uma culpa sufocante e mortal.
Os caminhos se cruzam-se em histórias como a de um filho que pretende fazer um inusitado passeio com sua madrasta tetraplégica, uma procissão nos trilhos ou de uma bailarina que sofre de amor, passando por um homem que paga por um crime do passado, o administrador da ferrovia atormentado, uma presa que sonha em ser enterrada de santa e uma menina que deseja vingança. Todos estes personagens estão ligados . Seus caminhos se cruzam.
Um passeio, cercado de pessimismo, crueldade, misticismo e vingança.
Elenco: Beatriz Aguera, Edgar Cardoso, Érica Ribeiro, Gizelle Faria, Lucas Sancho, Rodrigo Morais e Thaize Pinheiro.
Dramaturgia e Direção: Lucas Sancho
Assistência de direção: Thaize Pinheiro
Preparação Vocal e Arranjos de Coro: Carol Capacle
Direção de Arte: O Grupo
Músicas: Daniel Groove
Serviço: de 5 a 27 de Março - Terças e Quartas às 21h - Espaço Cultural Pinho de Riga (Rua Conselheiro Ramalho, 599)
Contato: 11 97960.0180 (Lucas Sancho)
sábado, 1 de setembro de 2012
Nossa Cidade
Agendem: dia 15 de setembro estreia a peça Nossa cidade, com direção de Thiago Arrais. Ficará em cartaz sempre às 20 h dos sábados, no Passeio Público, até o dia 20 de outubro. Cliquem no cartaz abaixo para ampliá-lo.
sábado, 16 de junho de 2012
Festival Internacional de Artes Cênicas do Ceará
Até o dia 24 estará acontecendo o Festival Internacional de Artes Cênicas do Ceará, que promete muitíssimas coisas boas! Confiram a programação dos espetáculos no site do Theatro José de Alencar.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Antes da coisa toda começar
Claro que apesar de tudo isso o saldo é positivo. Mas fica o ranço: cadê as peças perfeitas, que nos deixam plenamente realizados? Não é demais exigir isso dos artistas; aliás, contentar-se com menos seria desprezá-los.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Revista Baque
domingo, 22 de janeiro de 2012
A lua vem da Ásia & A música segundo Tom Jobim
Recomendo também o documentário A música segundo Tom Jobim, que estreou recentemente. O único problema está no fato de que os artistas surgem e se vão da tela sem que seus nomes apareçam (são citados apenas nos créditos finais), e isso dá margem a que, num cinema, as pessoas fiquem aos cochichos, tentando adivinhar de quem se trata. Resultado: ninguém escuta nada por inteiro, com a fruição devida - e claro que há os mal educados, que partem para conversas inteiras durante o filme, como se estivessem num barzinho com música ao vivo. Vários "psssttt!!!" tiveram que acontecer hoje, por exemplo, para que uma obstinada velhinha tagarela calasse o bico. Apesar disso, o documentário vale a pena: nunca é demais rever Elis e Tom no dueto de "As águas de março" e - como curiosidade - há momentos engraçados, como o de Carlinhos Brown cantando "Luíza" num figurino completamente desconectado com a melodia...
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Para Mamíferos n°3!
segunda-feira, 4 de julho de 2011
quarta-feira, 8 de junho de 2011
A peça aos pedaços
quinta-feira, 2 de junho de 2011
FOI - uma peça aos pedaços
FOI – Uma peça aos pedaços, espetáculo da Cia. Vão de teatro,
com texto e direção de Rafael Martins.
Quartas e quintas de junho, às 20h, na Torre Quixadá (Av. Barão
de Studart, 2360). Informações: 8654.1234/ 8801.7226
Ingressos: R$ 20 (inteira), R$10 (meia) – Capacidade 30 pessoas.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
As Apolíneas
Semana passada, assisti a dois espetáculos do Oficina Uzyna Uzona, aqui em Fortaleza. As bacantes e O banquete foram o último par da turnê Dionizíacas, que trouxe previsíveis controvérsias e comentários os mais ecléticos. Enquanto fenômeno artístico, as peças apresentadas são marcos históricos, claro – e há muitos méritos estéticos para relembrar. Pode-se falar da impressionante estrutura montada, criando uma nova forma de ser plateia, no Theatro José de Alencar. Ou então, pode-se elogiar a parte musical, com instantes gloriosos, ou quem sabe os recursos cênicos, ou os figurinos...
Nem tudo foi perfeição, porém – e é sempre saudável enxergar os deslizes, para afastar idolatrias. Os problemas com as Dionizíacas estiveram em miudezas técnicas (sobretudo com a sonoplastia) e em momentos de texto vazio, monótono ou – pior – atravessado por lugares-comuns. À parte esses detalhes, o público também atuou negativamente. É tentador confundir subversão com desordem, e imagino que para certas pessoas o espetáculo serviu somente como um pré-carnaval.
Foi no clima de “liberou geral”, por exemplo, que uma adolescente com folhagem na cabeça circulou por todas as partes, durante As bacantes. Louca para ser confundida com o elenco, ela se requebrava em várias direções, pouco se importando com a visibilidade alheia. Depois de desacatar uma funcionária do teatro, ela achou seu minuto de glória ao beijar profundamente um dos atores, no meio do palco.
A diferença entre o talento e a inconveniência é mais sutil do que parece. A festa que o Teatro da Multidão instaura torna-se bela e poética – mas, por mais que os vândalos anseiem, não chega a ser gratuita nem caótica. Existe um paradoxo possível que organiza o orgíaco Oficina, um rigor apolíneo que lhe dá o alicerce artístico. Sim, porque a irreverência, a nudez e o discurso libertário passam por ensaios, treinos e estudos. Nas Dionizíacas vêem-se ingredientes que aparecem n’Os Sertões: as mesmas cenas ligadas a ritos de iniciação, com simulações de sexo, vinho compartilhado, danças, ritmos e culturas que se entrelaçam.
Tais elementos, constantes no repertório do grupo, são uma pista do seu estilo e, mais do que isso, de sua proposta antropofágica. Ora, se há proposta artística, há seriedade – ainda que ela surja disfarçada. Mas como é difícil enxergar as máscaras num corpo nu! Entretanto, elas estão lá: têm de estar, se é teatro.
Se não houvesse disciplina (componente apolíneo) para sustentar o eixo dionisíaco, a equipe do Oficina não divulgaria, no início das peças, instruções de segurança e comportamento, mesmo que de um jeito informal. Não haveria canto em coro, texto recitado (decorado com rigor) nem cenas coreográficas. Não haveria referências contemporâneas nem clássicas – algumas tão discretas que chegavam a enternecer: foi o caso de certa iluminação que, em dado instante, transformou um ator no Baco de Caravaggio, com uvas e vestes iguais às da pintura.
Em suma, negar o profissionalismo do teatro Oficina para reduzi-lo a um delírio é ingenuidade. Essa temporada, Dionizíacas, criou uma celebração dúbia. Dionísio não exclui Apolo; tem de haver muita estrutura para que, em arte, aconteça a ruptura.
Tércia Montenegro (artigo publicado no jornal O Povo de hoje. Disponível em http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2011/02/02/noticiaopiniaojornal,2097080/as-apolineas.shtml)
sábado, 13 de novembro de 2010
O idiota - uma novela teatral

Um espetáculo que promete ser maravilhoso: O idiota, da Mundana Companhia. Estreia neste domingo, às 18h, no Teatro José de Alencar. A peça terá 7 horas de duração, com dois intervalos, e vai circular por vários espaços do teatro. E na quarta-feira, dia 17, às 15h, estarei lá, debatendo no foyer do TJA - juntamente com a professora de russo da USP, Elena Vassina - sobre a obra de Dostoiévski. O tema da nossa conversa vai ser: Dostoiévski, contemporâneo de ninguém. Oportunidade incrível para mergulhar mais uma vez no encantador e trágico universo eslavo...
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
OBA! Teatro!
terça-feira, 6 de julho de 2010
As incertezas
Dessa vez, com “Incerto”, a estranheza nasce com riso e amargura. Durante todo o espetáculo, existe a impressão paradoxal de que, pela metalinguagem, chega-se à vida em estado bruto. As reflexões sobre o teatro, seu valor ou necessidade para o próprio artista que o faz (e que às vezes o rejeita, saturado ou doído de decepções) levam a um entranhado de cenas extraídas do cotidiano de ensaios. A peça surgiu como urgência do grupo teatral, num momento em que dúvidas e conflitos interferiam de maneira inegável, e o prazer e os limites do ofício estavam em pauta.
Elegendo como principal argumento da peça a incerteza, percebe-se como tudo o que não parece inteiro ou totalmente construído incomoda. Incomodam as perguntas e inconstâncias. Questionar a verdade cansa e desgasta; destrói as relações, às vezes. Mas admitir essa necessidade é um ato corajoso, talvez o único ato de uma coragem especificamente humana. Todos os outros atos de bravura são movidos pelos básicos instintos de qualquer animal, menos esse: o impulso de indagar, expor-se insatisfeito, incompleto, dar a cara a tapa, ver-se pelos olhos dos outros e, assim, distanciar-se de si e encontrar, senão a identidade, pelo menos o caminho.
O caminho que se trilha, com recuos e bifurcações, poeira e neblina é o trajeto primário que o Bagaceira ousa mostrar, como quem abre as vísceras. Se é aflitivo olhar por dentro, a dor vem do fato de que todos nos identificamos com algum tipo de crise – mas poucos sabemos, desse ponto, extrair a criação. São muito raros os que fazem do processo o meio em si, com o grande objetivo de objetivar-se: olhar-se como personagem, para além do espelho, numa dimensão universal que, se por um lado se agiganta, nem por isso esconde as fraquezas e fissuras. Declarar as perturbações na superfície da arte: é esse o grande gesto, a escolha do espetáculo “Incerto”. Porque as angústias sempre foram matriz e motor dos inventos estéticos (e não só deles, mas de qualquer invento da humanidade) – porém restava admitir isso sem artifícios, escancarando os bastidores como quem alarga a alma.
Quando, magicamente, despe-se de alegorias, esse teatro se torna emblemático – porque, por um momento, a plateia esquece que há um texto (que em algumas passagens até se compõe com rimas, mostrando como foi construído e bem pensado). O público se engana ao considerar que as cenas vêm ao acaso, espontâneas e hesitantes, como se a peça ainda estivesse por começar – aquela peça que estamos acostumados a ver pronta, redonda e bem marcada.
“Incerto” celebra a truncagem, os fragmentos dinâmicos das relações entre as pessoas, os picos e abismos da geografia interna de cada um. Confessa o estar sempre “no quase”, e pela frustração admitida alcança a completude – não no sentido de acomodar-se num espaço fechado, mas justamente pelo contrário: abrindo os olhos para a dispersão, chega-se a um foco; embora depois se mude para outro, e ainda outro, ou outro... O autoconhecimento é teraupêutico porque primeiro desestabiliza, para que enfim se encontre um eixo, apesar de fluido.
A ilusão de que se faz vida, e não teatro, é a grande fisgada nesse trabalho do Bagaceira, sua solução que, por debaixo de toda a instabilidade exposta, vem muito bem consolidada. Afinal, as fronteiras entre ofício e paixão, carreira e prazer são mesmo assim: escorregadias ou titubeantes, plenas de uma incerteza tipicamente humana.
Tércia Montenegro – 03/07/2010
terça-feira, 29 de junho de 2010
Nova estreia do Bagaceira!!!!
sábado, 5 de junho de 2010
Chico & Guus


Fim-de-semana quase todo dedicado à escrita de um artigo sobre o Chico (de volta à tese? Ai, ai, se o tema não fosse tão maravilhoso, eu poderia ficar de saco cheio... Mas nesse caso o tédio é impossível, claro!). Para relaxar, também escuto outro músico de olhos claros e melodias límpidas: Guus!
Amanhã terei um interregno para o teatro: João Botão, do Grupo Máquina, às 17h, e Dias de setembro (pela 3a vez?), do Cabauêba, às 19h. Ambos no TJA.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Vá ao teatro!
Ainda me espanto com o susto de alguns colegas, quando constatam minha assídua freqüência ao teatro – apesar de eu não ser alguém “da área”. Ora, mas não parece lógico que o teatro, como toda arte, deva atingir sobretudo pessoas com outras práticas e ofícios, ou seja, o público em geral? Claro que os próprios artistas devem acompanhar os processos de seus pares, com objetivo de estudo, crítica ou apoio. Mas é a grande plateia, leiga e distante das técnicas, que costuma ser o principal alvo das empreitadas estéticas. Assim, não deveria ser motivo de choque o fato de se ver um ou dois espetáculos por semana (isso, fora da época de festivais, claro). Se uma pessoa vê idêntica quantidade de filmes no mesmo período – não sendo “da área” do cinema – não costuma ser encarada com estranheza... Ao contrário, essa média, para filmes, é considerada baixa. Por que, então, com o teatro o julgamento seria diferente?
Penso que um dos motivos ainda é o preconceito que se tem com as produções da terra. Afinal, não sobra cadeira vaga, quando uma sala traz atores globais – da mesma forma que os filmes hollywoodianos sempre são lotados. E o pior do preconceito é a prática que ele carrega, do “não vi e não gostei”: inibe-se qualquer chance de simpatia ou fruição, pelo simples boicote que as verdades estabelecidas exercem.
Na contramão desse pensamento, afirmo que as piores peças que já vi foram exatamente aquelas que traziam atores consagrados na telinha. Certa vez, inclusive, à saída de um desastre dramatúrgico aplaudido de pé por quase todos (devido à famosa atriz, figura comum na ilha de Caras), não me contive e comentei com a pessoa que me acompanhava: “Nossa! Foi péssimo!” Nunca esquecerei a expressão de uma moça que passava ao lado e me ouviu. Se ela tivesse encontrado na fila um E.T., seu medo não seria maior. Afinal, quem ousa questionar o que a mídia propaga?
Para quem teve o seu primeiro alumbramento teatral vendo Flor de obsessão, com um visceral Ricardo Guilherme, o caminho tem de ser outro. Não dá para se contentar com fórmulas ou estereótipos – ainda mais quando o teatro cearense tem tanto para oferecer, em matéria de criatividade e poética. Sinto orgulho de ser contemporânea de artistas maravilhosos e poder vê-los no tempo real e vivo que o teatro eterniza na mente de quem lá esteve – e viu.
Acompanhar o repertório do grupo Bagaceira, as peças do Cabauêba ou da Comédia Cearense; ver os trabalhos do Silvero Pereira, as ótimas propostas do Carri, ou conferir em cena os roteiros do Lira... tudo isso me dá uma satisfação incomparável, e não é por bairrismo (embora eu seja uma apaixonada pelo Ceará). Basta comparar a nossa qualidade teatral com alguns duvidosos espetáculos que vêm para cá, dos eixos mais festejados... Normalmente, ganhamos com vários pontos de vantagem!
Peças delicadas como O cantil, Revoar, Encantrago ou Tudo o que eu queria te dizer convivem numa cena que traz também a ousada maturidade de Abajur lilás e Rãmlet Soul, por exemplo. Mas é óbvio que neste espaço reduzido não eu conseguiria citar todos os espetáculos incríveis que já vi no teatro cearense – nem minha intenção é a de fazer listas. Tenho somente o impulso de celebrar: a cada vez que saio de uma sala teatral com as mãos ardidas de um aplauso sincero, sinto-me feliz. E para que não digam que sou hostil ao que vem de fora, lembro minha sensação quando o Ceará recebeu Os Sertões, do Oficina, e quando, no ano passado, Eugenio Barba veio ao Teatro José de Alencar. Sinto-me abençoada. É a arte que vence, apesar de tudo. Mas quem vence, acima de todos, somos nós – o público.
Tércia Montenegro (texto publicado na coluna Opinião, do jornal O Povo, em 02/06/2010)