Trecho d'O olho, de Nabokov, que me lembra irresistivelmente Um, nenhum, cem mil, do Pirandello:
"Porque eu não existo. Existem apenas os milhares de espelhos que me refletem. Qualquer relacionamento que eu estabeleça, a população de fantasmas que parecem comigo aumenta. Em algum lugar eles vivem, em algum lugar se multiplicam.(...) Os dois meninos, aqueles meus alunos, envelhecerão e uma ou outra imagem de mim viverá dentro deles como um tenaz parasita. E então virá o dia em que a úlitima pessoa que se lembre de mim morrerá. Um feto invertido, minha imagem também murchará e morrerá dentro da última testemunha do crime que eu cometi pelo mero fato de viver. Talvez uma anedota qualquer a meu respeito, uma simples anedota em que eu figure, passará dele para seu filho ou neto e então meu nome e meu fantasma aparecerão transitoriamente aqui e ali por algum tempo ainda. Depois virá o fim."
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