LIVROS E BICHOS

Este é o blog da Tércia Montenegro, dedicado preferencialmente a livros e bichos - mas o internauta munido de paciência também encontrará outros assuntos.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Capítulo 10

Nunca fui lá grande fã dos autores secos, objetivos, mas Por quem os sinos dobram tem pelo menos uma cena inesquecível. Está no capítulo 10, a matança dos fascistas espanhóis, e o velho H. faz um autoelogio merecido. Na impossibilidade de transcrever todo o trecho, longo demais, substituo o dito capítulo por este fragmento (também belo):
"Morrer era nada, e ele não tinha uma imagem da morte, nem medo dela na mente. Mas viver era um campo de trigo ondulado ao vento numa encosta. Viver era um gavião no céu. Viver era um jarro de cerâmica com água na poeira do debulho do trigo, batido na eira com o mangual, e a palha esvoaçando. Viver era um cavalo entre as pernas e uma carabina sob a coxa, uma colina, um vale, um riacho com os pinheiros ao longe, mais adiante outro vale, e outras colinas além." (p.421)
Disso tiramos a conclusão de que a beleza vem das torrentes, não das contensões. Quando o velho H. faz concessões à poesia, atinge o seu cume. O problema da secura, porém, atinge a maior parte do livro - e também há aquele tom de "fórmula" inegável: um tema de aventura, um encontro amoroso etc. Para quê as cenas com a tal Maria? Dis-pen-sá-vel... e piegas, da forma com que está escrito. Ou talvez seja problema da tradução? Sim, acontece disso.

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