Acabei de voltar do cinema, onde vi Um método perigoso - que nada traz da assinatura de seu diretor, David Cronenberg. Para que não digam que sou muito exigente, afirmo que o filme não é inteiramente ruim: salvam-se as locações e a alguns momentos de atuação, embora, no geral, tudo tenha me parecido caricato e artificial. Houve instantes em que pensei que o tal "método perigoso" não se referia à psicanálise nascente (de que a história trata), mas à própria maneira como o filme foi concebido, distorcendo tanta coisa em simplificações populares. Pode ser que alguém argumente que, afinal, toda tentativa de narrar o vivido cai nesse pecado. Eu estaria propensa a concordar - não fosse a existência de um outro filme, delicadíssimo e muito mais interessante, sobre o mesmo tema. Jornada da alma, de 2002, com direção de Roberto Faenza, traz Emilia Fox no papel que, em Um método perigoso, ficou com Keira Knightley. É curioso observar como uma atriz não precisa se desdobrar demais em caras e bocas para ser convicente no papel de uma histérica (ponto para Emília!). Jornada da alma concentra-se na biografia da personagem Sabina Spielrein (e um dos momentos inesquecíveis é quando ela toca e canta a Tumbalailaka*). Um método perigoso não tem essas delicadezas; ao contrário, mostra uma paciente masoquista em meio a dois médicos (Freud e Jung) que disputam suas vaidades. Talvez historicamente seja mais fiel (embora tão resumitivo)? É possível - mas isso não é critério para que supere Jornada da alma.
* Quem se interessar por ouvir a música pode conferir neste vídeo, com as cenas finais do filme em http://www.youtube.com/watch?v=_k1x1TJG5Sg
Eu só assisti "Jornada da Alma" e achei o filme muito bom, fiquei apaixonada pela Sabina Spielrein. Queria ler mais coisas sobre a história dela, se souber de algum livro pra me indicar :)
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