Tenho visto ótimos filmes nos últimos dias: A pessoa é para o que nasce (documentário maravilhoso), Do mundo nada se leva (um clássico que faz a gente pensar na "comercialização do medo", tão comum e crescente) e Apertem os cintos: o piloto sumiu (para risadas a cada cena). Mas Stalker, de Tarkovski, foi uma escolha motivada pela leitura recente do livro de Geoff Dyer, que citei na postagem abaixo (e depois, terei a chance de voltar a esse assunto, espero). Não somente as imagens do filme são belíssimas e inesquecíveis, mas há um trecho que mereceu o play-pause repetido, para que eu o anotasse:
"Que se cumpra o idealizado. Que acreditem. Que riam das suas paixões. Porque o que consideram paixões, na realidade, não é energia espiritual, mas apenas fricção entre a alma e o mundo externo. O mais importante é que acreditem neles próprios e se tornem indefesos como crianças, porque a fraqueza é grande, enquanto a força é nada. Quando o homem nasce, é fraco e flexível; quando morre, é impassível e duro. Quando uma árvore cresce, é tenra e flexível; quando se torna seca e dura, ela morre. A dureza e a força são atributos da morte; a flexibilidade e a fraqueza são a frescura do ser. Por isso, quem endurece nunca vencerá." (Parte II)
LIVROS E BICHOS
Este é o blog da Tércia Montenegro, dedicado preferencialmente a livros e bichos - mas o internauta munido de paciência também encontrará outros assuntos.
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
Um dia, um gato
Não preciso nem dizer que fui atraída pelo título deste filme, né? O segundo motivo para eu sair com ele da locadora foi o fato de ser um filme tcheco, da década de 60 (e eu estava com a boa impressão do Eu servi o rei da Inglaterra). Bem sei que época e lugar não são referências garantidas de qualidade, mas neste caso a aposta foi certeira: Um dia, um gato é tão bom quanto o outro filme citado, e desenvolve sua história num clima de leveza e poeticidade. O enredo mergulha totalmente no clima artístico, envolvendo pintura, circo e dança - além do próprio cinema, é claro. O personagem feito por Vlastimil Brodsky é um professor que realiza seus filmes caseiros sobre aves, na tentativa de mudar os hábitos de estudo das crianças, que costumam observar os bichos apenas como animais empalhados, pertencentes a um museu coordenado pelo diretor da escola. Dentro do clima de magia, a história tem uma composição de cores fantástica (que lembra certas criações de Andy Warhol; não é possível que não tenha sido proposital!). A trilha sonora também é inesquecível! Vale ainda pensar na mensagem política subliminar, contra o domínio comunista que o país vivia.
Por último... quem resiste a um gatinho desses, usando óculos? Só por isso, o filme já valia!
Por último... quem resiste a um gatinho desses, usando óculos? Só por isso, o filme já valia!
Miranda July
Por indicação da amiga Fernanda Meireles, no último final de semana conheci a multiartista Miranda July, através do filme "Eu, você e todos nós", em que ela atua e dirige. A história é divertida e interessante, com muitas situações em clima de absurdité artística: é parecido com aquilo que eu disse antes sobre o livro da Viola di Grado (embora ela e Miranda sejam autoras em atmosferas distintas): existe coragem de arriscar, de insistir numa tendência que talvez não seja aceita ou compreendida por todos - mas será que isso existe? e se existe, será que importa? A experiência com o filme de Miranda July (e também uma visita virtual pelos seus outros projetos) me fez perceber - ou lembrar - o fato de que os artistas, querendo ou não, são sempre isolados, são minoria em assumir uma sensibilidade que talvez as outras pessoas até tenham, mas passam a vida dedicando-se a esconder. E essa sensibilidade não precisa ser explicada, justificada de modo algum: pode circular numa esfera de surrealidade, desde que haja um propósito estético. E com Miranda July, há. Suas performances ou criações na área da arte visual são delicadas e divertidas, questionadoras ou irônicas. Sobretudo, fogem da mesmice, que é o que um artista sempre deve fazer. Em literatura, ainda não a conheço; descobri que ela tem um livro de contos, mas ainda vou encomendar. Suspeito que a sua inquietação criativa deva invadir essa área também, com cenas marcantes - incômodas, para alguns -, mas por enquanto não posso opinar. De qualquer modo, fico com a ideia de que sua incursão literária é parte de um projeto muito maior, de extravasamento artístico em várias linguagens. Cada vez mais acho isso legítimo, e me rio do imbecil que certa vez me acusou de pretensiosa, vejam só, porque além de escrever eu também fotografo. Mentes estreitas acham que uma pessoa deve se bitolar a um ofício, assim como cada qual no seu galho estável. Pois eu comemoro, quando encontro um artista que quer ser tudo ao mesmo tempo e não tem nenhuma mesquinhez tímida diante da vida. Miranda é um bom motivo, nesta semana, para dizer olé.
domingo, 15 de abril de 2012
Jornada da alma & Um método perigoso
* Quem se interessar por ouvir a música pode conferir neste vídeo, com as cenas finais do filme em http://www.youtube.com/watch?v=_k1x1TJG5Sg
domingo, 1 de abril de 2012
A escritura no céu
quinta-feira, 15 de março de 2012
Hugo Cabret
Depois de tanta propaganda, fui assistir à Invenção de Hugo Cabret... e saí com a velha sensação de desapontamento que me invade quando vejo filmes supostamente inteligentes, mas que se revelam banais. Há algo de infantil e irritante no otimismo de toda essa fantasia: caras e bocas previsíveis (e nesse ponto a fisionomia de Chloë Moretz é óbvia e piegas - um problema de direção, creio, pois esta mesma atriz, poucos anos atrás, encarnou com destreza a menininha sanguinária de Kick-Ass e a vampira na versão americana de Deixe-me entrar), além de um texto cheio de lugares-comuns me fizeram suspirar de enfado. Ainda há bons motivos para ver essa história, como a qualidade visual e o valor do resgate histórico - mas não é nada que me faça repetir a dose.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Agnès Varda
Vi As praias de Agnès Varda, lembrando da primeira vez que ouvi falar nesta fotógrafa e cineasta belga. No documentário Janela da alma, ela aparece comentando como decidiu filmar, muito de perto, o corpo de seu amado Jacques Demy, que na época tinha uma doença terminal. Nunca esqueci a expressão marcante desta mulher, apaixonada pelo companheiro a tal ponto que apenas a arte poderia resgatá-la de sua perda - e o olhar, a filmagem do olhar quase microscópico, era a sua tentativa de não submergir na dor completa.
Neste filme As praias..., mais recente e de sua autoria, Varda faz um resgate biográfico de 80 anos, mostrando como uma identidade se transforma e circula ao longo de descobertas mas, ainda assim, permanece essencialmente a mesma.
Na imagem acima, como não poderia deixar de ser, Agnès aparece com sua gata, Zgougou.
Neste filme As praias..., mais recente e de sua autoria, Varda faz um resgate biográfico de 80 anos, mostrando como uma identidade se transforma e circula ao longo de descobertas mas, ainda assim, permanece essencialmente a mesma.
Na imagem acima, como não poderia deixar de ser, Agnès aparece com sua gata, Zgougou.
domingo, 22 de janeiro de 2012
A lua vem da Ásia & A música segundo Tom Jobim
Neste fim-de-semana tive ótimas diversões culturais - dentre elas, destaco o monólogo do Chico Díaz sobre o texto do Campos de Carvalho, n'A lua vem da Ásia. A peça é muito boa, embora no começo caia em certa monotonia: para quem conhece o livro, esta parte quase não ultrapassa uma recitação. Entretanto, quando o ator se desprende dos objetos cênicos da primeira parte, seu trabalho corporal se intensifica e se mostra em toda a expressividade. O final é impecável, com uma imagem lindíssima.
Recomendo também o documentário A música segundo Tom Jobim, que estreou recentemente. O único problema está no fato de que os artistas surgem e se vão da tela sem que seus nomes apareçam (são citados apenas nos créditos finais), e isso dá margem a que, num cinema, as pessoas fiquem aos cochichos, tentando adivinhar de quem se trata. Resultado: ninguém escuta nada por inteiro, com a fruição devida - e claro que há os mal educados, que partem para conversas inteiras durante o filme, como se estivessem num barzinho com música ao vivo. Vários "psssttt!!!" tiveram que acontecer hoje, por exemplo, para que uma obstinada velhinha tagarela calasse o bico. Apesar disso, o documentário vale a pena: nunca é demais rever Elis e Tom no dueto de "As águas de março" e - como curiosidade - há momentos engraçados, como o de Carlinhos Brown cantando "Luíza" num figurino completamente desconectado com a melodia...
Recomendo também o documentário A música segundo Tom Jobim, que estreou recentemente. O único problema está no fato de que os artistas surgem e se vão da tela sem que seus nomes apareçam (são citados apenas nos créditos finais), e isso dá margem a que, num cinema, as pessoas fiquem aos cochichos, tentando adivinhar de quem se trata. Resultado: ninguém escuta nada por inteiro, com a fruição devida - e claro que há os mal educados, que partem para conversas inteiras durante o filme, como se estivessem num barzinho com música ao vivo. Vários "psssttt!!!" tiveram que acontecer hoje, por exemplo, para que uma obstinada velhinha tagarela calasse o bico. Apesar disso, o documentário vale a pena: nunca é demais rever Elis e Tom no dueto de "As águas de março" e - como curiosidade - há momentos engraçados, como o de Carlinhos Brown cantando "Luíza" num figurino completamente desconectado com a melodia...
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Festival de cinema polonês
Janeiro trouxe de volta a série polonesa Primeiro ministro para o Eurochannel. Como eu já tinha visto uns poucos capítulos esparsos no ano passado, resolvi agora entrar no ritmo regular, principalmente para praticar a audição em polonês. Pois ontem, quando eu estava acompanhando o episódio, descobri pelas propagandas que neste mês o canal está com um festival de filmes da Polônia, todos inéditos para mim! A estreia (ontem mesmo) foi com "Różyczka", A pequena Rosa ou Rosinha, uma história de amor e traição (política e sentimental) na época do domínio comunista. O diretor é Jan Kidawa-Błoński, e nesta imagem veem-se dois dos atores principais: Robert Więckiewicz e Magdalena Boczarska.
Quem quiser conhecer mais do cinema polonês para além de Wajda pode agendar os próximos filmes: General Nil (dia 23, às 20h - horário de Fortaleza), Pitbull (dia 26, às 17h), Quanto pesa o cavalo de Tróia? (dia 29 às 21h) e A canção de ninar (dia 30 às 20h). Eu espero ver todos...
Quem quiser conhecer mais do cinema polonês para além de Wajda pode agendar os próximos filmes: General Nil (dia 23, às 20h - horário de Fortaleza), Pitbull (dia 26, às 17h), Quanto pesa o cavalo de Tróia? (dia 29 às 21h) e A canção de ninar (dia 30 às 20h). Eu espero ver todos...
domingo, 18 de dezembro de 2011
De volta a Dalí (com uma pitada de Lorca) - ou o contrário
Tirei o fim de semana para saborear os efeitos da sexta-feira à noite, quando tive a alegria de me encontrar com os amigos Sérgio e Roberta. Não bastasse o jantar - com que Sérgio se firma como excelente chef, elegante e poético na criação de um menu inesquecível -, ainda recebi um maravilhoso presente, trazido da viagem espanhola que os amigos fizeram: Cartas escogidas, do García Lorca. Já comecei a ler parte dessa correspondência, que me confirma a ideia de que os artistas são avessos às coisas práticas e adeptos dos grandes tormentos da alma. Lorca, ainda estudante, mal suportava as exigências da família, para que ele completasse os estudos e tivesse uma carreira formal. Assim ele desabafa numa carta dirigida ao pai: "A mi ya no me podéis cambiar. Yo he nacido poeta y artista como el que nace cojo, como el que nace ciego, como el que nace guapo. Dejadme las alas en su sitio, que yo os respondo que volaré bien." E, em outro momento, um pouco antes, sua reflexão sobre a existência atinge um rasgo dilacerante: "Mi tipo y mis versos dan la impresión de algo muy formidablemente pasional... y, sin embargo, en lo más hondo de mi alma hay un deseo enorme de ser muy niño, muy pobre, muy escondido. Veo delante de mí muchos problemas, muchos ojos que me aprisionarán, muchas inquietudes en la batalla del cerebro y corazón, y toda mi floración sentimental quiere entrar en un rubio jardín y hago esfuerzos porque me gustan las muñecas de cartón y los trasticos de la niñez, y a veces me tiro de espaldas al suelo a jugar a comadricas con mi hermana la pequeñuela (es mi encanto)... pero el fantasma que vive en nosotros y que nos odia me empuja por el sendero. Hay que andar porque tenemos que ser viejos y morirnos, pero yo no quiero hacerle caso... y, sin embargo, cada día que pasa tengo una duda e una tristeza más. Tristeza del enigma de mí mismo!"
Essa leitura de Lorca invariavelmente me leva de volta a Dalí, cujo Diário de um gênio conheci poucos meses atrás (confira os comentários neste mesmo blog). Óbvio que são dois artistas distonantes, com temperamentos e estilos bem diferentes - mas, se existe uma atmosfera nacional para a criação de gênios poéticos, sinto que ambos compartilham da mesma bênção e se tornam irmãos em algum ponto inominável. Aliás, para adensar ainda mais essa sensação, estou com dois filmes à espera para hoje e amanhã: Ensaio de um crime, do Buñuel, e Poucas cinzas, de Paul Morrison. Os dois foram recomendados pelo Sérgio e, embora eu já conhecesse o primeiro, senti uma imensa vontade de revê-lo agora (principalmente para inserir o Buñuel na trindade espanhola). Quanto ao segundo filme, parece que distorce um pouco as relações entre Dalí e Lorca, em nome de um sensacionalismo homossexual (mas ainda não o vi, para opinar a respeito). De toda forma, a gente sabe que muitos filmes de pretensão histórica escorregam na liberdade dramática, pois de perto nenhuma vida tem glamour hollywoodiano. É preciso assistir a esses filmes com ressalvas, portanto. Ontem, por exemplo, eu vi A última estação, que trata dos últimos dias de Tolstói. Apesar da ótima caracterização do ator principal, do cenário e figurino perfeitos, fiquei incomodada com o fato de os atores falarem inglês - e também tenho que dizer que a tal Sofia, esposa do escritor, não tinha um comportamento verossímil em certas cenas...Mas - o que se pode fazer? É preciso dar um desconto, porque muita coisa surge devido às intenções comerciais que motivam essas obras.
Essa leitura de Lorca invariavelmente me leva de volta a Dalí, cujo Diário de um gênio conheci poucos meses atrás (confira os comentários neste mesmo blog). Óbvio que são dois artistas distonantes, com temperamentos e estilos bem diferentes - mas, se existe uma atmosfera nacional para a criação de gênios poéticos, sinto que ambos compartilham da mesma bênção e se tornam irmãos em algum ponto inominável. Aliás, para adensar ainda mais essa sensação, estou com dois filmes à espera para hoje e amanhã: Ensaio de um crime, do Buñuel, e Poucas cinzas, de Paul Morrison. Os dois foram recomendados pelo Sérgio e, embora eu já conhecesse o primeiro, senti uma imensa vontade de revê-lo agora (principalmente para inserir o Buñuel na trindade espanhola). Quanto ao segundo filme, parece que distorce um pouco as relações entre Dalí e Lorca, em nome de um sensacionalismo homossexual (mas ainda não o vi, para opinar a respeito). De toda forma, a gente sabe que muitos filmes de pretensão histórica escorregam na liberdade dramática, pois de perto nenhuma vida tem glamour hollywoodiano. É preciso assistir a esses filmes com ressalvas, portanto. Ontem, por exemplo, eu vi A última estação, que trata dos últimos dias de Tolstói. Apesar da ótima caracterização do ator principal, do cenário e figurino perfeitos, fiquei incomodada com o fato de os atores falarem inglês - e também tenho que dizer que a tal Sofia, esposa do escritor, não tinha um comportamento verossímil em certas cenas...Mas - o que se pode fazer? É preciso dar um desconto, porque muita coisa surge devido às intenções comerciais que motivam essas obras.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Eu servi o rei da Inglaterra
A excêntrica família de Antônia sempre foi o meu referencial de filme no estilo surreal-divertido, com inúmeras pinceladas inteligentes e artísticas. Ontem, porém, encontrei uma obra que rivaliza magnificamente com aquela: Eu servi o rei da Inglaterra, filme tcheco de 2007. O título original é Obsluhoval jsem anglického krále, e por aqui já se vê o parentesco eslavo do tcheco com a língua polonesa (confirmado em muitos diálogos, pela pronúncia). Junte-se a esse sabor afetivo a lembrança de que Milan Kundera, um de meus autores preferidos, é também natural desse território linguístico. Alguém poderia argumentar que, por causa desses pontos, eu me tornei partidária do filme logo de cara. É possível, é possível. Mas ainda assim sei que muitos vão apreciar essa dica - mesmo que por outros variados motivos.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Conversas com Woody Allen
Terminei de ler este livro de entrevistas, organizado por Eric Lax, ao longo de mais de três décadas de conversas com Woody Allen. É uma obra apaixonante, que revela um artista incansável, com um raro senso de dimensão das coisas e dos valores devidos (à arte e à própria vida). Selecionei alguns trechos para ilustrar isso:
"À noite, quando vou dormir e encosto a cabeça no travesseiro, ou quando ando pela rua, gosto de ficar pensando em ideias para histórias. Estou sempre pensando em novas tramas. Eu faria qualquer coisa para evitar aquele momento horrível de 'O quê que eu vou fazer agora?'. (...) é nesse intervalo que um escritor pensa em mudar de profissão." (p.38)
"Infelizmente, nós temos de escolher a realidade, mas no fim ela nos esmaga e decepciona. Minha visão da realidade é que ela sempre foi um lugar triste para estar [ele faz uma pausa, solta uma pequena risada], mas é o único lugar onde você consegue comida chinesa." (p.42)
"Sem dúvida, comédia é mais difícil de fazer do que coisa séria. Também não tenho nenhuma dúvida de que a comédia tem menos valor do que a coisa séria. Tem menos impacto, e acho que por uma boa razão. Quando a comédia aborda um problema, ela brinca com ele, mas não resolve. O drama trabalha a questão de um modo emocionalmente mais satisfatório. Não quero parecer brutal, mas existe algo de imaturo, de segunda linha, em termos de satisfação, quando se compara a comédia com o drama. E vai ser sempre assim. A comédia nunca, nunca terá a estatura de A morte do caixeiro-viajante, ou de Um bonde chamado desejo, ou de Longa jornada noite adentro. Nenhuma dessas, nem a melhor delas. Se você pega Escola de escândalo, As rãs, Pigmalião, A mulher do campo, Do mundo nada se leva, Nascida ontem, A primeira página, Tempos modernos, Diabo a quatro, A general - e essas são as melhores de todas -, elas nunca terão o impacto de O sétimo selo, O encouraçado Potemkin e Ouro e maldição, porque na comédia existe alguma coisa menos satisfatória, mesmo sendo mais difícil de fazer. Ao dizer isso, falo só por mim." (p.102)
"Sempre espero que o público vá gostar do filme, mas jamais posso cair na armadilha de fazer algo que não seja exatamente o que eu quero, só para ser apreciado. Melhor não ser apreciado, mas ser bom. Melhor tentar crescer e falhar de maneira humilhante do que jogar no que é certo ou, pior, fazer troca de favores." (p.105)
"Não tenho grande respeito pelas instituições. Realmente acho que o traço mais marcante da existência humana é a desumanidade do homem com o homem. Olhando de longe, se fôssemos observados por gente no espaço, acho que a conclusão seria essa. Não acho que eles ficariam deslumbrados com a nossa arte ou com tudo o que realizamos. Acho que ficariam de certa forma assombrados pela carnificina e pela burrice." (p.122)
"(...) não existe honra que um ser humano possa me dar que signifique alguma coisa para mim. Para mim, receber alguma cosia que tenha significado para mim exigiria um universo diferente. (...) os prêmios são feitos para juntar poeira; eles não mudam a sua vida, não afetam sua saúde de forma positiva, nem a sua longevidade ou a sua felicidade emocional. Os lugares que você quer consertar na sua vida, ou ajudar; o ajuste e o conforto de que você precisa, não são tocados pelas grandes honras do mundo." (pp.162-4)
"(...) o único conselho em que posso pensar é que só o trabalho conta. Não leia a seu respeito, não tenha grandes discussões a respeito de seu trabalho, simplesmente mantenha o nariz enfiado do trabalho. (...) Quanto menos você pensar em si mesmo, melhor. (...) Apenas trabalhe bem, não perca tempo pensando em mais nada, não se junte ao circo do show business, não preste atenção nas distrações que as pessoas lançam na sua direção, e tudo o mais se encaixa no devido lugar. (...) À medida que fico mais velho, a palavra 'legado' sempre aparece, e pessoalmente não estou nem um pouco interessado em legado, porque acredito firmemente que, quando se morre, pôr o seu nome numa rua não ajuda em nada o seu metabolismo - eu vi o que aconteceu com Rembrandt, Platão, e toda essa gente ótima. Eles simplesmente jazem lá. (...) O grande Shakespeare não está nada melhor do que algum vagabundo sem talento que escrevia peças na Inglaterra elisabetana e não conseguia quem produzisse, e quando produziam todo mundo fugia do teatro. Não que eu ache que seja totalmente desprovido de talento, mas não tenho talento suficiente para fazer meu sangue circular depois que o rigor mortis se instalar. Então legado não importa nada mesmo. O melhor jeito de dizer isso foi com a minha piada: 'Em vez de sobreviver nos corações e mentes dos meus semelhantes, prefiro sobreviver no meu apartamento'." (pp.463-4)
"Se o mundo inteiro está celebrando esta música ou aquela peça, você precisa continuar fiel às suas convicções, por mais adversas que sejam. Vai descobrir que não é tão difícil. Se eu gosto de alguma coisa ou de alguém, não me importa a mínima se ninguém mais gosta, e se eu não gosto, não gosto. (...) Não vou mudar o meu estilo ou o meu assunto porque alguém me critica. Não conseguiria, mesmo que quisesse. (...) O trabalho existe independentemente de tudo o que falam a respeito dele. Se a coisa é boa, continua boa apesar de todo o palavrório contra ou a favor. E se não é boa, vai se dissipar, por mais popular que possa parecer no momento." (pp.465-6)
"À noite, quando vou dormir e encosto a cabeça no travesseiro, ou quando ando pela rua, gosto de ficar pensando em ideias para histórias. Estou sempre pensando em novas tramas. Eu faria qualquer coisa para evitar aquele momento horrível de 'O quê que eu vou fazer agora?'. (...) é nesse intervalo que um escritor pensa em mudar de profissão." (p.38)
"Infelizmente, nós temos de escolher a realidade, mas no fim ela nos esmaga e decepciona. Minha visão da realidade é que ela sempre foi um lugar triste para estar [ele faz uma pausa, solta uma pequena risada], mas é o único lugar onde você consegue comida chinesa." (p.42)
"Sem dúvida, comédia é mais difícil de fazer do que coisa séria. Também não tenho nenhuma dúvida de que a comédia tem menos valor do que a coisa séria. Tem menos impacto, e acho que por uma boa razão. Quando a comédia aborda um problema, ela brinca com ele, mas não resolve. O drama trabalha a questão de um modo emocionalmente mais satisfatório. Não quero parecer brutal, mas existe algo de imaturo, de segunda linha, em termos de satisfação, quando se compara a comédia com o drama. E vai ser sempre assim. A comédia nunca, nunca terá a estatura de A morte do caixeiro-viajante, ou de Um bonde chamado desejo, ou de Longa jornada noite adentro. Nenhuma dessas, nem a melhor delas. Se você pega Escola de escândalo, As rãs, Pigmalião, A mulher do campo, Do mundo nada se leva, Nascida ontem, A primeira página, Tempos modernos, Diabo a quatro, A general - e essas são as melhores de todas -, elas nunca terão o impacto de O sétimo selo, O encouraçado Potemkin e Ouro e maldição, porque na comédia existe alguma coisa menos satisfatória, mesmo sendo mais difícil de fazer. Ao dizer isso, falo só por mim." (p.102)
"Sempre espero que o público vá gostar do filme, mas jamais posso cair na armadilha de fazer algo que não seja exatamente o que eu quero, só para ser apreciado. Melhor não ser apreciado, mas ser bom. Melhor tentar crescer e falhar de maneira humilhante do que jogar no que é certo ou, pior, fazer troca de favores." (p.105)
"Não tenho grande respeito pelas instituições. Realmente acho que o traço mais marcante da existência humana é a desumanidade do homem com o homem. Olhando de longe, se fôssemos observados por gente no espaço, acho que a conclusão seria essa. Não acho que eles ficariam deslumbrados com a nossa arte ou com tudo o que realizamos. Acho que ficariam de certa forma assombrados pela carnificina e pela burrice." (p.122)
"(...) não existe honra que um ser humano possa me dar que signifique alguma coisa para mim. Para mim, receber alguma cosia que tenha significado para mim exigiria um universo diferente. (...) os prêmios são feitos para juntar poeira; eles não mudam a sua vida, não afetam sua saúde de forma positiva, nem a sua longevidade ou a sua felicidade emocional. Os lugares que você quer consertar na sua vida, ou ajudar; o ajuste e o conforto de que você precisa, não são tocados pelas grandes honras do mundo." (pp.162-4)
"(...) o único conselho em que posso pensar é que só o trabalho conta. Não leia a seu respeito, não tenha grandes discussões a respeito de seu trabalho, simplesmente mantenha o nariz enfiado do trabalho. (...) Quanto menos você pensar em si mesmo, melhor. (...) Apenas trabalhe bem, não perca tempo pensando em mais nada, não se junte ao circo do show business, não preste atenção nas distrações que as pessoas lançam na sua direção, e tudo o mais se encaixa no devido lugar. (...) À medida que fico mais velho, a palavra 'legado' sempre aparece, e pessoalmente não estou nem um pouco interessado em legado, porque acredito firmemente que, quando se morre, pôr o seu nome numa rua não ajuda em nada o seu metabolismo - eu vi o que aconteceu com Rembrandt, Platão, e toda essa gente ótima. Eles simplesmente jazem lá. (...) O grande Shakespeare não está nada melhor do que algum vagabundo sem talento que escrevia peças na Inglaterra elisabetana e não conseguia quem produzisse, e quando produziam todo mundo fugia do teatro. Não que eu ache que seja totalmente desprovido de talento, mas não tenho talento suficiente para fazer meu sangue circular depois que o rigor mortis se instalar. Então legado não importa nada mesmo. O melhor jeito de dizer isso foi com a minha piada: 'Em vez de sobreviver nos corações e mentes dos meus semelhantes, prefiro sobreviver no meu apartamento'." (pp.463-4)
"Se o mundo inteiro está celebrando esta música ou aquela peça, você precisa continuar fiel às suas convicções, por mais adversas que sejam. Vai descobrir que não é tão difícil. Se eu gosto de alguma coisa ou de alguém, não me importa a mínima se ninguém mais gosta, e se eu não gosto, não gosto. (...) Não vou mudar o meu estilo ou o meu assunto porque alguém me critica. Não conseguiria, mesmo que quisesse. (...) O trabalho existe independentemente de tudo o que falam a respeito dele. Se a coisa é boa, continua boa apesar de todo o palavrório contra ou a favor. E se não é boa, vai se dissipar, por mais popular que possa parecer no momento." (pp.465-6)
domingo, 16 de outubro de 2011
Asas do desejo
Acabei de assistir ao lindíssimo filme do W.Wenders, Asas do Desejo. Poético, maravilhoso na fotografia e no criativo enredo - vale a pena demais!
domingo, 11 de setembro de 2011
Nem tão Biutiful assim
Após tantos anúncios promissores e expectativas vibrantes, finalmente vi o novo filme do Iñarritu, Biutiful. Claro que o Javier Bardem já era um atrativo suficiente (ele é um ator só comparável a um Al Pacino ou um De Niro), mas o roteiro em si escorrega em alguns aspectos que não convencem. A personagem Marambra (sic!), esposa de Uxbal, aparece estereotipada em sua angústia bipolar e alcoólatra, e o destino sórdido dos imigrantes já foi explorado de modo mais interessante em vários outros filmes. Mas o problema realmente, para mim, foi o tema da espiritualidade, via atuação-médium de Uxbal. A discussão sobre o além-morte fica naqueles temas óbvios (que jamais terão minha concordância) a respeito de missão na terra, obrigações a cumprir, salvação etc. Sobretudo é difícil de acreditar que alguém que acabou de morrer (como o menino que Uxbal vê em espírito, no velório) esteja "penando" numa crise de consciência por haver roubado um relógio! Sinceramente, acho que as almas têm mais o que fazer, e um morto deve estar num nível superior o bastante para desconsiderar questões materiais ou culpas terrenas (todas infligidas por convenções sociais). A mistura entre espírito e compromisso material é o grande erro do roteiro, na minha opinião - e Uxbal resvala numa ingenuidade inaceitável para alguém que é médium, quando, no final, pede à filha que não se esqueça da fisionomia dele. Por que um indivíduo versado em assuntos do além-morte estaria tão preso ao ego e à concepção de uma individualidade representada por um aspecto físico? Esse foi o ponto que menos me convenceu...Mas, apesar de todas as ressalvas, dentro da temporada de filmes relativos, Biutiful ainda vale a pena - muito mais do que Árvore da vida, por exemplo.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Ótimos filmes
Neste fim-de-semana, aluguei três filmes que realmente me agradaram, embora pertençam a estilos bem diferentes. Comecei com Lunar, ficção científica, dirigido pelo filho do David Bowie. No princípio, temi que a história fosse resvalar por chavões próprios da categoria, mas felizmente o roteiro alcança uma originalidade. O único probleminha é que talvez termine de maneira um pouco brusca, com aquela sensação de perda de fôlego no final...
Em seguida, passei para a Arca russa, que traz uma narrativa em perspectiva fantástica (assistam para entender, não vou estragar a surpresa), para dar um passeio pelo Hermitage, em São Petersburgo. As imagens são lindíssimas, e o filme é feito num único plano-sequência, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas do museu. Além do resgate artístico e histórico, o filme traz reflexões sobre diferenças entre a identidade eslava e a europeia (com aspectos políticos subentendidos, claro). Mas, quer saber? Para mim o mais marcante foi a cena em que se dança uma mazurca: a coisa mais maravilhosa!
O terceiro filme foi Inverno da alma, com paisagem e enredo perturbador ao extremo. É admirável como o resultado conseguiu aliar melancolia a poeticidade, em meio a comportamentos de transgressão e violência - reflexos do frio doloroso do lugar. Sei que meus comentários devem parecer vagos, mas qualquer tentativa de resumo dessa história será prejudicial: o espectador tem de acompanhá-la completamente disponível e inocente - assim, incomoda mais, certamente... mas esse deve ter sido o objetivo dos artistas.
E por falar em frio, voltei da locadora com mais um exemplo, desta vez bem radical: a história de uma fuga da Sibéria. Caminho da liberdade é um lançamento que também promete, e logo mais haverá sessão-pipoca aqui em casa...
Em seguida, passei para a Arca russa, que traz uma narrativa em perspectiva fantástica (assistam para entender, não vou estragar a surpresa), para dar um passeio pelo Hermitage, em São Petersburgo. As imagens são lindíssimas, e o filme é feito num único plano-sequência, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas do museu. Além do resgate artístico e histórico, o filme traz reflexões sobre diferenças entre a identidade eslava e a europeia (com aspectos políticos subentendidos, claro). Mas, quer saber? Para mim o mais marcante foi a cena em que se dança uma mazurca: a coisa mais maravilhosa!
E por falar em frio, voltei da locadora com mais um exemplo, desta vez bem radical: a história de uma fuga da Sibéria. Caminho da liberdade é um lançamento que também promete, e logo mais haverá sessão-pipoca aqui em casa...
segunda-feira, 27 de junho de 2011
O novo Woody
Eu, que ainda não fui à capital francesa, fiquei maravilhada com o novo filme do Woody Allen - mas não apenas pela paisagem (que fique claro). O roteiro é interessante e as atuações são ótimas - com uma pequena exceção para o ator que faz o Picasso. De resto, Meia-noite em Paris supera os temas de crise existencial tão exaustivos na filmografia de Allen: ao acenar para uma perspectiva fantástica, com o resgate de famosos artistas, discute-se a questão do tempo e da permanência, da importância dos lugares e das personalidades. Mas tudo isso talvez só pudesse acontecer na devida locação. Afinal...alguém duvida que haja um clima mágico em Paris?
domingo, 19 de junho de 2011
Filmes, filmes, filmes
Este fim-de-semana está servindo como uma verdadeira intoxicação de filmes - um pouco para "tirar o atraso", pois fazia tempo que eu não curtia um bom cinema. Ontem, vi a trilogia d'O Poderoso Chefão (com pizza nos intervalos, é claro!). Hoje o Festival Varilux de Cinema Francês me levará a ver Um gato em Paris (óbvio!) e Simon Werner desapareceu, logo mais. Amanhã ainda devo assistir a Uma doce mentira e Xeque-mate. E fica faltando, dessa lista de interesses, Lobo - que aí só vai passar na quarta-feira.
Há tantas opções de histórias em películas, que às vezes penso que a experiência de rever filmes é cada vez mais um gesto de luxo, raro. E no entanto, quanto não se aprende (pela técnica do "olhar" de uma câmera, pela interpretação ou pelo texto), quando se tem a oportunidade de rever e analisar uma grande obra! Eu tenho uma relação mental de filmes que poderia ver pelo menos dez vezes, sem jamais me entendiar. Pode ser que numa época dessas eu troque as novidades pelo convívio - mas, por enquanto, ainda não, não chegou a hora...
Há tantas opções de histórias em películas, que às vezes penso que a experiência de rever filmes é cada vez mais um gesto de luxo, raro. E no entanto, quanto não se aprende (pela técnica do "olhar" de uma câmera, pela interpretação ou pelo texto), quando se tem a oportunidade de rever e analisar uma grande obra! Eu tenho uma relação mental de filmes que poderia ver pelo menos dez vezes, sem jamais me entendiar. Pode ser que numa época dessas eu troque as novidades pelo convívio - mas, por enquanto, ainda não, não chegou a hora...
terça-feira, 29 de março de 2011
Sofia blasée

Decididamente, Maria Antonieta deve ter sido uma exceção na filmografia da Sofia Coppola. Quando não é salva por um argumento histórico (que consegue, de modo interessante, trabalhar num feitio pop), ela derrapa na monotonia - por que será? A contemporaneidade é tão inútil assim, que os protagonistas de suas histórias sempre se mostram perdidos em dramas-clichês? Neste último domingo, fui ver Em algum lugar, apenas para dividir suspiros de tédio com uma plateia no dilema fico-ou-levanto. O enredo dá agonia de tão desgastado: o velho tema do sujeito podre de rico que esquece as coisas mais essenciais, como família, amor verdadeiro etc. A abordagem é igualmente óbvia, com intermináveis câmeras paradas, contando os minutos de vida que o personagem joga fora - e os espectadores também!
Apenas uma cena vale em todo esse lugar-comum: a bela dança no gelo que a atriz-mirim, filha do protagonista, faz no início do filme. O resto é tristemente desnecessário.
domingo, 20 de março de 2011
Cópia fiel, Brassaï & Brasiliana


Neste fim-de-semana, pude me deliciar com algumas amostras de ótima arte. Entrei por acaso no cinema do Dragão do Mar para ver Cópia fiel. Estava sem nenhuma recomendação, sem resenha lida, nada. Pois esse filme de Abbas Kiarostami me encantou por muitos motivos: a linda paisagem toscana, o plurilinguismo perpassado de ironias e o jogo de duplicidades que se percebe não apenas no argumento em torno de arte autêntica ou da sua reprodução - a esperteza ambígua da câmera faz com que o espectador se extasie com alguns "achados" de perspectiva.
E como é bom assistir a uma história inteligente de vez em quando, algo que lide com diálogos sobre a estética, mas sem nenhum pedantismo! Ao contrário, o filme é leve e engraçado.
Antes da sessão, porém, eu já me encontrava embevecida. No espaço cultural da Unifor, meu primeiro objetivo eram as fotografias do Brassaï, dessa Paris dos anos 30: um retrato dos pavimentos noturnos, das construções desertas, dos solitários que se confundem com os postes ou se infiltram nos "inferninhos" (e quase se pode sentir o bafo adocicado das matronas, com um erotismo mumificado nas feições, com um olhar sempre severo diante de suas discípulas, cocottes de aspecto ingênuo, apesar da nudez). Depois dessa exposição, conferi também as peças da mostra Brasiliana - e estava achando tudo muito bom, pelo valor histórico e artístico (sobretudo do Rugendas, que nunca tinha antes visto ao vivo), mas fiquei realmente em êxtase quando entrei na sala2. Ali estavam primeiras edições de muitos livros, autógrafos, páginas com erros célebres de impressão (se serve de consolo saber que desde sempre as gráficas brasileiras eram descuidadas...), obras de parceria incrível entre autor e ilustrador... Foi a melhor parte, ao meu ver.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Polônia em música e cinema
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