Ontem e hoje li - com a leveza propícia - A água e os sonhos, de Gaston Bachelard. Faz toda a diferença, quando se lê teoria revestida de poética! Comprovem por alguns trechos deste livro:
"Sonha-se antes de contemplar. Antes de ser um espetáculo consciente, toda paisagem é uma experiência onírica. Só olhamos com uma paixão estética as paisagens que vimos antes em sonho." (p.5)
"(...) a água é também um tipo de destino, não mais apenas o vão destino das imagens fugazes, o vão destino de um sonho que não se acaba, mas um destino essencial que metamorfoseia incessantemente a substância do ser. (...) O ser voltado à água é um ser em vertigem. Morre a cada minuto, alguma coisa de sua substância desmorona constantemente." (pp.6-7)
"Mas a terra natal é menos uma extensão que uma matéria; é um granito ou uma terra, um vento ou uma seca, uma água ou uma luz. É nela que materializamos os nossos devaneios; é por ela que nosso sonho adquire sua exata substância; é a ela que pedimos nossa cor fundamental." (p.9)
"Do homem, o que amamos acima de tudo é o que dele se pode escrever. O que não pode ser escrito merece ser vivido?" (p.11)
"Essa adesão ao invisível, eis a poesia primordial." (p.18)
"Em Bruges todo espelho é uma água dormente." (p.25)
"A vida real caminha melhor se lhe dermos suas justas férias de irrealidade." (p.25)
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