Fui ver A fita branca e - oh, Deus - apesar da horripilante projeção da sala 2 do Dragão, eu tinha esperanças de que a história me envolvesse e compensasse o esforço da retina e dos ossos (já que as poltronas, neste cinema, são outro problema grave). Mas o filme (que não trata do nazismo, mas se passa em princípios do século XX, à beira da primeira guerra, por assim dizer) promete, promete, e não cumpre muito. Atrai com um bom suspense e termina numa solução fácil. O erro narrativo de se dedicar a prolongados começos, para perder o fôlego no fim: talvez uns chamem isso de "final aberto"; eu, não. O final aberto é um final, de todo modo. A fita branca não tem arremate; acaba com um laço malfeito, achando que deixar um mistério solto é garantia de marteladas na mente do espectador. Na verdade, o efeito é a transparência de um roteiro cheio de pressa, desperdício de película, com raras exceções para o efeito fotográfico que, se não pertencesse a uma arte dinâmica, estaria bom demais.
Uma pena: parece que a praga continua a atingir os filmes recentes. Vou me conformar e me aquietar por um tempo. Voltemos aos livros, que são mais garantidos e dão mais liberdade de movimento a quem os aprecia. Acabei de ler o ótimo Um brasileiro em Berlim, do Ubaldo, para relaxar.
Também não gostei de "A fita branca", e achei bom ter perdido o Oscar Estrangeiro para o ótimo argentino "O segredo de seus olhos".
ResponderExcluirQuanto ao comentário sobre final aberto em filmes,eles funcionam, sim, quando o roteiro é bem construído e induz o espectador a uma reflexão, a uma conclusão, que muitas vezes está implícita. No meu curta "O último dia de sol" utilizei esse recurso, ou pelo menos tentei.