Ninguém descobriu que escalei as águas de um chafariz em Brasília. Pior: houve quem me dissesse, na cara, que eu estava mentindo, quando confessei a proeza. Mas não existe nada mais fácil que fazer alpinismo em líquidos. Basta se aproximar da fonte dos jatos, pular sobre a válvula projetora com os dois pés bem unidos e - pronto! Entra-se no "olho" da água, no véu que sobe como um raio branco. Uma vez no alto, é preciso um tantinho de equilíbrio para não despencar logo, mas rápido se aprende a dança necessária (quem já fez hidromassagem, via de regra, conhece o manejo). Ficar no topo é o momento mais belo, pela paisagem, e também porque não há risco de a aventura ser descoberta: normalmente, a polícia não permite que se entre em chafarizes públicos, mas os guardas só apitam quando veem alguém dentro do tanque; nenhum jamais teve a ideia de olhar para cima.
A descida não é tão suave quanto parece: há lapsos de água no trajeto, mais ou menos no feitio dos lapsos de chão que se experimenta ao descer por um tobogã. O mergulho, porém, é tranquilo; a gente cai no meio dos vapores de água que, ao redor, cria semicírculos de borrifo. Parece que se entra num algodão-doce, com a diferença de que é bem mais frio e muito menos grudento...
Ler um comentário deste, lembrando do clima de Brasília, é no mínimo prazeroso. Mas acho que não andam acreditanto em ti porque faltou uma prancha de surf, prima! =D Até eu fico desconfiado...
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