Para desautomatizar, descobri como é bom, por exemplo, comer a sobremesa antes do almoço. Este é, inclusive, um benéfico costume da antiga nobreza polinésia, que aprendeu a digerir açúcares muito mais rapidamente que qualquer outro grupo de pessoas no planeta.
E hoje, depois de ter pintado as unhas dos pés de roxo vívido, devo acordar de madrugada para espreitar os silêncios. Vou construir asas com as penas do travesseiro para ter a sensação de planar, em corridinhas aos círculos, na cobertura de meu prédio. É ali que os parangolés se renovam, nos varais coloridos, com as roupas de toda a vizinhança. Um edredom desgarrado certa vez voou: ficou em pose alcochoada, sobre o teto de zinco da garagem, antes de se deixar levar pelo vento. Vive agora ao redor do corpo de um mendigo, que o leva para a calçada, nas noites frias.
É sempre um prazer ler suas notas Tércia.
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