Terminei de ler Anedotas do destino, da Karen Blixen (livro que tem o lindo e impecável conto "O mergulhador"). Impregnada pelo desejo de submergir ainda mais no universo desta autora, aproveitei para ler, como arremate, a entrevista que ela concedeu à Paris Rewue, quando se achava viajando pela Itália. Pois não é que em determinado momento o repórter questiona a respeito do humor nos contos de Karen - e ela exulta pela boa percepção? Assume que seus textos têm, quase todos, um traço de comicidade e reforça o fato dizendo que Isak (o nome que ela escolheu para assinar vários de seus livros foi Isak Dinesen) significa riso. "Provavelmente em dinamarquês" - responde-me o amado, quando lhe comento esta curiosidade. Eu não deixo por menos: Sendo assim, Kierkegaard deve significar algo como "comédia de costumes" - digo, e os dois rimos à vontade, unindo estes dois dinamarqueses de áreas tão diversas, porém nem por isso distantes...
Cenas do cotidiano à parte, fiquei com a pulga na orelha. Não percebi o tal riso nas Anedotas, nem n'A fazenda africana. Pode ser algo subliminar ou sutilíssimo (e tratarei de comprovar isso lendo em breve mais histórias da K.Blixen). Mas pode ser também um riso culturalmente intransferível - e essa perspectiva me deixa melancólica de perda -, ou pode acontecer de o repórter ter feito uma pergunta tão disparatada, que Karen ironizou com uma resposta refinada, criando, naquele instante, o grande riso de Isak...
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